Os avisos de analistas têm sido constantes nos últimos meses: a bolha da bitcoin pode estourar. Isso porque o preço da moeda virtual cresceu tanto nos últimos 12 meses que o valor de uma única bitcoin chegou ao recorde de R$ 69 mil no último dia 16 de dezembro.

Um ano atrás, uma moeda virtual custava U$ 753 (R$ 2.400, em valores de hoje). Isso significa que o valor cresceu 1.215% em apenas 12 meses – a tendência de alta pode continuar.

Mas como foi possível um crescimento tão grande para uma moeda que não existe fisicamente e que muitos dizem que vai levar seus investidores à ruína?

Para os analistas, a resposta a essa pergunta está nos investidores que aplicaram em bitcoins nos últimos meses.

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A empresa de pesquisas Autonomous Next aponta os chamados “fundos hedge”, que compram ações para logo depois revendê-las e realizar lucro de curto prazo, como grandes compradores desse tipo de moeda. O número de transações desses fundos com bitcoins cresceu de 30 para 130 neste ano, segundo a Autonomous Next.

Isso tem feito com que o valor da moeda tenha crescido como nenhum outro produto no mercado de ações neste ano, superando a rentabilidade de grandes empresas, como Disney, IBM e McDonald’s.

A chegada desses fundos também gerou uma “avalanche de compradores” em todo o mundo, como explica o analista Nathaniel Popper, autor do livro “O ouro digital: bitcoin e a história nunca contada de desajustados e milionários que estão tentando reinventar o dinheiro” (sem tradução, no Brasil).

“Eles acreditam ter encontrado um novo tipo de investimento que finalmente poderia competir com o ouro como uma maneira de guardar dinheiro fora do controle de empresas e governos”, escreveu Popper em um artigo no jornal americano The New York Times.

Estimativas de alguns analistas, como Charlie Bilello, da Pension Partners, indicam que o mercado de bitcoin tem um capital de U$ 160 bilhões (cerca de R$ 514 bilhões) – valor maior que da empresa General Electric, por exemplo.

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Um investimento de U$ 10 mil (R$ 32 mil) em bitcoins sete anos atrás teria um retorno hoje de U$ 1,1 milhão (R$ 3,2 milhões).

O que é bitcoin?

Muitas vezes descrita como uma “criptomoeda”, a bitcoin é uma moeda que existe apenas de maneira virtual – uma espécie de versão online do dinheiro.

Como funciona?

Cada bitcoin é um arquivo de computador que é armazenado em uma “carteira digital” de smartphones ou de computador. Cada transação é registrada em uma lista pública chamada “blockchain” – por isso não é possível gastar uma moeda que não é sua.

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Como se consegue?

Há três maneiras de conseguir bitcoins: comprar com dinheiro “real”; vender produtos ou serviços em bitcoins; comprar as moedas de novas empresas que já possuem dinheiro digital.

Como se valorizam?

As bitcoins são valiosas porque há pessoas dispostas a trocá-las por bens e serviços reais, inclusive dinheiro físico.

Três pontos a favor

Criadas em 2009 por uma pessoa ou um grupo de indivíduos com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto (ainda não se sabe a identidade real), as bitcoins são as moedas digitais mais conhecidas do mundo.

Há pelo menos mais 700 criptomoedas circulando na internet e cada vez mais companhias estão gerando suas próprias moedas no mercado digital.

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Boa parte dos entusiastas que compram as moedas é atraída por mercados de investimentos alternativos e pelo fato do Bitcoin não ser regulado por governos, pelos bancos ou por fundos de investidores.

Mas o pico deste ano se explica por três momentos, segundo analistas.

O primeiro foi a chegada de investidores asiáticos, principalmente do Japão e da Coreia do Sul. A empresa japonesa bitFlyer transformou-se na maior comerciante de bitcoins do mundo, diz Popper.

Outro fator foi o crescimento dos “fundos hedge” criados especialmente com a finalidade de investir em moedas digitais – também há outros fundos antigos que estão se juntando a esse mercado.

O terceiro ponto foi o anúncio do Chicago Mercantile Exchange (CME), um dos maiores mercados de investimentos em taxa de juros, ações e moedas, de que faria lançamentos de futuros bitcoins.

Os contratos de futuros são um acordo para comprar mais tarde um bem por preço fixado no momento atual. O investidor acredita que, no momento de quitar seu contrato, os valores dos bens estarão mais altos do que aqueles que ele aceitou pagar na hora de estabelecer o contrato.

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“O contrato vai facilitar que instituições financeiras se conectem ao mercado de bitcoins”, diz Popper.

O anúncio da CME criou um dos maiores crescimentos do ano – em novembro, a unidade passou de U$ 6.750 para U$ 9,907 (de R$ 21,6 mil para R$ 31,9 mil).

Como o mercado pode ruir?

Um dos princípios das criptomoedas é sua universalidade: é possível lidar com elas em qualquer lugar do mundo bastando apenas uma conexão com a internet e acesso à alguma empresa que negocie produtos ou serviços.

Depois, a moeda entra na carteira digital que são guardadas na base de dados dos fundos hedge. Esses fundos, no entanto, só são acessíveis a pessoas com grandes recursos e que tenham permissão de entrada dada pelos fundadores.

Ante o frenesi, o negociante de bitcoins Kevin Zhou afirma que os preços das moedas podem cair das nuvens para o chão em apenas um clique.

Isso poderia ocorrer caso um fundo de cobertura decidisse retirar seu dinheiro. “Esse fator poderia criar uma fuga de um grande investidor ou uma onda de retiradas”, disse Zhou ao The New York Times.

Entre os céticos em relação às bitcoins há grandes nomes do mundo de investimentos, como Jamie Dimon, da JP Mongan Chase Warren, que afirma que o mercado de moeda digital é fraudulento e se baseia em um esquema de pirâmide.

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Há quem diga que, por ser um mercado sem nenhuma regulação, quando houver problemas, os investidores não terão a quem recorrer.

De certa forma, foi isso o que ocorreu em 2014, quando o avanço do mercado foi interrompido porque o maior comerciante da época, a agência japonesa Mt. Gox, anunciou ter sofrido um roubo milionário em moedas digitais. Os correntistas acabaram acumulando prejuízos.

E você, o que acha? Está na hora de investir em bitcoins? Antes, vale lembrar a máxima de investimento, quanto maior lucro, maior o risco.

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