O mercado de sorvetes cresce mais a cada ano, e com isso até mesmo franquias brasileiras como a Chiquinho vêm se preparando para entrar no mercado americano. O estado da Flórida será o primeiro território internacional a receber uma unidade da sorveteria, prevista para abrir no segundo semestre de 2017.

“Por incrível que pareça, é mais fácil abrir uma unidade nos Estados Unidos do que no Brasil. Lá a burocracia é tão menor que já conseguimos antecipar os planos de 2018 para 2017”, comemora o gestor da Chiquinho em entrevista para o Diário do Comércio.

Os congeladores das lojas estão dando mais espaço na prateleira para marcas menos conhecidas que oferecem sabores únicos e ingredientes de qualidade sobre grandes marcas. Pesquisas mostram que os sorvetes continuam a ser principal tendência de sobremesas de 2017. A ideia desse artigo é o de aprender com sorveterias que hoje fazem sucesso nos Estados Unidos, apresentando ao leitor um mercado de nicho crescente.

Porém, se destacar em um mercado com tantos “jogadores” também exige estratégias de negócios inteligentes, como por exemplo, encontrar uma maneira de se diferenciar no mercado – lições de negócios que qualquer fundador de startup poderia usar, independentemente da indústria.

 

O SEU PRODUTO E PLANO DE NEGÓCIOS PRECISAM EVOLUIR CONSTANTEMENTE

Quando Laura O’Neill e seus co-fundadores, Benjamin Van Leeuwen e seu irmão, Pete Van Leeuwen, lançaram o primeiro food truck de sorvetes em Nova York em 2008, ficaram obcecados com a certeza de que a qualidade do sorvete deles deveria se destacar de todas as outras comidas que eram vendidas por food trucks. Ao invés de usar ingredientes mais baratos para estabilizar e engrossar o produto, como muitos fabricantes de sorvete fazem, eles optaram pela escolha mais cara de creme de leite e gemas de ovos.

Quando o grupo Van Leeuwen Artisan Ice Cream abriu sua fábrica no norte de Nova York para produzir o seu próprio sorvete, foram imediatamente instruídos a ajustar sua proporção de creme e ovos para substitutos mais baratos, porém os fundadores resistiram. “Desde os primeiros dias, estamos sempre indo até o limite para manter o nosso nível de pureza”, diz O’Neill.

Sete anos depois, com seis food trucks de sorvete (quatro em Nova York e dois em LA) e sete lojas, para não mencionar a distribuição em 250 lojas de varejo, essa obsessão com a qualidade ainda é muito importante. Porém isso não significa que eles mantêm a mesma estrutura de como as coisas foram feitas no início, diz o co-fundador Ben Van Leeuwen. “Estamos constantemente evoluindo o nosso plano de negócios e produtos baseado no que o mercado quer”, diz ele.

Independentemente do seu produto e mercado, manter esse equilíbrio entre qualidade e flexibilidade é incrivelmente importante. Pode ser tentador cortar algumas “despesas” à medida que o negócio cresce, mas resista ao impulso! Sem o foco na qualidade, diz O’Neill, Van Leeuwen não seria tão bem sucedido quanto hoje. Os food trucks amarelo claro da marca são agora um elemento básico em torno de Nova York e Los Angeles e a empresa em breve estará se mudando para um novo espaço de produção de 5.000 pés quadrados no Brooklyn. “Não teríamos chegado tão longe sem manter a integridade do produto”, diz O’Neill.

 

SEUS CONCORRENTES PODERÃO SER SEUS MAIORES AJUDANTES

Começar uma marca de sorvete nunca foi um plano para Diana Hardeman, que diz que a MilkMade, sua empresa de sorvete artesanal que lançou em 2009, aconteceu por acidente. Hardeman, que era conhecida por trazer seus biscoitos caseiros para as festas de amigos, decidiu mudar as coisas em 2009, comprando sua primeira máquina de fazer sorvete. Em vez de trazer biscoitos para os encontros de seus amigos, ela começou a trazer sorvete que ela mesma preparava em sua cozinha de Manhattan. As pessoas começaram a tomar conhecimento e, quando seu sorvete ficou requisitado, Hardeman, que trabalhava para uma empresa de energia solar na época, elaborou rapidamente um site e, dentro de uma semana, 700 pessoas se inscreveram na lista de e-mail.

O modelo de negócio que ela criou foi um serviço de assinatura que entregava dois potes de sorvete por mês nas casas dos membros. Hardeman conseguiu um financiamento de US $ 300.000 e executou uma campanha bem sucedida do Kickstarter em 2014, arrecadando mais de US $ 47.000. Mas, mesmo parecendo que seu negócio era um sucesso, o início não foi fácil – como qualquer fundador de startup pode atestar nos primeiros dias de funcionamento de uma empresa. “Todos os dias há algo que dá errado”, diz ela. “Você apenas se acostuma com isso”.

Desde o lançamento de seu serviço de assinatura em 2009, Hardeman criou 134 sabores diferentes de sorvete usando ingredientes de origem local como o rum de uma destilaria próxima e babka de uma padaria no bairro de Brighton Beach, no Brooklyn. Um dia uma caixa de milho doce local foi entregue à loja MilkMade no Brooklyn para um novo sabor de sorvete: milho.

A loja, o que Hardeman chama de “sala de degustação”, acabou “caindo dos céus” quando ela começou a conversar com outro fabricante de sorvete que anteriormente tinha ocupado o local e estava tentando vendê-lo. Hardeman estava usando o espaço de outros fabricantes locais de sorvete uma vez por mês para fazer seu produto, mas ficou rapidamente claro que precisaria de seu próprio espaço se quisesse dimensionar o negócio, que hoje entrega o produto a 400 membros na cidade de Nova York.

Muitas vezes, o impulso em um mercado muito concorrido é o de manter distância dos concorrentes e ficar calado sobre sua estratégia, mas para Hardeman, ficar aberta e ser honesta com os outros da indústria ajudou a crescer a empresa. Sem essas conexões, ela nunca teria conseguido garantir o espaço em que ela está hoje. “Seus concorrentes podem ser seus maiores ajudantes”, diz ela. “Todos entendemos que não é um mercado de um só vencedor”.

 

“NÃO VAI SER PERFEITO QUANDO LANÇAR. É UM PROGRAMA EM PROGRESSO PARA SEMPRE “

Em torno da mesma época que o primeiro food truck de Van Leeuwen começou a abrir caminho em Nova York e Hardeman conseguiu sua primeira máquina de sorvete, Natasha Case e Freya Estreller compraram uma antiga “van dos correios” no site Craigslist que acabaram reformando e assim indo com ela para o Coachella Valley Music Festival. Lá elas lançaram sua marca de sorvete Coolhaus. Inspiradas pelo background em arquitetura e design (o nome Coolhaus é uma mistura de Bauhaus, o influente movimento de design modernista e Rem Koolhaas, o famoso arquiteto holandês), os sanduíches de sorvete da dupla foram um grande sucesso no festival.

Para Case, começar o negócio não era encontrar a receita perfeita de sorvete ou obter todos os detalhes do “get and go”. De fato, resistir ao desejo de obter tudo em perfeição foi fundamental para o sucesso da empresa. “É sempre um processo quando você inicia”, diz Case. “Você nunca vai se dar a chance de colher os benefícios se você estiver preso no protótipo”.

O que separa Coolhaus das inúmeras outras marcas de sorvete, é a sua marca peculiar – nomes temáticos da arquitetura como Mintimalist, sabores de sorvete funky como Netflix (um sorvete de cheddar com infusão de pipoca branca com Doritos misturado), além de detalhes de design como um invólucro comestível feito de papel de batata – detalhes que vieram mais tarde no desenvolvimento da empresa.

Hoje, a Coolhaus possui 11 food trucks e carrinhos de sorvete, opera duas lojas e vende sorvete embalado em mais de 4.000 lojas em todo o país. São esses detalhes distintos que são mais importantes para o sucesso da empresa, diz Case. “Não se trata de uma receita. É sobre uma marca e uma visão “, diz ela. “É daí que vem as maiores empresas que melhor fazem isso”.

Seu conselho para outras startups incertas de como e quando iniciar seus negócios? “Comece com algo que é bom o suficiente para colocar no mercado e o consumidor irá dizer-lhe quais mudanças precisam ser feitas”.

Essa semana publicamos algumas oportunidades de negócios nos Estados Unidos e dentre elas, duas são sorveterias. Agora que você já possui os melhores conselhos sobre como administrá-la, clique aqui  para ver as oportunidades da ELO!


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